Resenha - Angra no Espaço Victory - São Paulo - 30/11/2013

Ame ou odeie, mas o Angra é, incontestavelmente, a segunda maior banda de Heavy Metal do Brasil (atrás apenas do Sepultura), em termos de reconhecimento e sucesso comercial, nacional e internacionalmente. Nos últimos anos, o grupo vinha mal das pernas, devido a problemas com o então vocalista Edu Falaschi e o antigo baterista Aquiles Priester (o que culminou no retorno de Ricardo Confessori, membro da formação clássica), além de lançamentos um tanto inconsistentes. Então, no final de 2012, a banda tem sua mais genial idéia em muito tempo: chamar o renomado vocalista italiano Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine) para assumir o microfone em algumas apresentações. A parceria foi um sucesso, rendeu uma grande turnê, comemorando os 20 anos do lançamento do debut "Angels Cry", que passou pelas principais capitais do país, e um excelente DVD gravado em São Paulo, com participações especiais de Tarja Turunen (ex-Nightwish), Uli Jon Roth (ex-Scorpions), Amílcar Cristófaro (Torture Squad) e Família Lima. Para encerrar o ano com chave de ouro, o Angra escolheu novamente a cidade de São Paulo, mas, desta vez, o espetáculo foi realizado no Espaço Victory, na região da Penha, Zona Leste da cidade.


O grande ponto negativo da noite foi o atraso. A abertura da casa estava prevista para às 17h, porém, às 18h, era possível ver uma grande fila ao redor do local. Os portões foram abertos apenas por volta das 19h. Já dentro do Espaço Victory, a espera foi grande. O show, que de acordo com as informações oficiais teria início às 20h, começou às 21h20, preocupando aqueles que, assim como eu, dependeriam do transporte público para o retorno. Só alguns dias depois fui informado que houve um "meet and greet" (encontro entre banda e alguns fãs) às 20h, ou seja, pura falha de comunicação por parte da produção do evento.

Enfim, vamos ao show...

Após a tradicional introdução, a banda entra, totalmente ovacionada pelo público, ao som do clássico "Angels Cry". Na sequência, mais 2 músicas bastante aguardadas: "Nothing To Say" ("Holy Land", 1996) e "Waiting Silence" ("Temple Of Shadows", 2004). Um início de show para fã nenhum botar defeito! O grupo, que atualmente é formado por Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro (guitarras), Felipe Andreoli (baixo), Ricardo Confessori (bateria), além do convidado mais que especial, Fabio Lione (vocal), continuou a enérgica e precisa apresentação com as maravilhosas "Time" e "Lisbon", seguidas de "Millenium Sun" (com sua introdução dedilhada no violão, diferente da versão original, que é no piano), uma das melhores do álbum "Rebirth", de 2001.

"Winds Of Destination" foi um dos momentos mais memoráveis do show, com Andreoli soltando a voz no primeiro verso, além da interpretação irretocável de Lione ao decorrer da canção. Aliás, o trabalho que o vocalista italiano vem fazendo com o Angra é de impressionar, pois o mesmo impostou sua voz de tal maneira, soando perfeito tanto nas músicas gravadas por Andre Matos (com algumas adaptações ao seu estilo, claro), quanto as de Edu Falaschi. Por falar em vocal, a música seguinte parece que foi escrita especialmente para a voz de Lione, tamanha a desenvoltura do mesmo com tal canção: "Gentle Change", presente no álbum "Fireworks", de 1998.


Então, foi a vez de Rafael assumir os vocais para a execução de "The Voice Commanding You", a única do controveso "Aurora Consurgens", lançado em 2006, apresentada nesta ocasião. A primeira parte do set foi encerrada com as belas "Late Redemption" (onde o público cantou a plenos pulmões as partes em português) e "Silence And Distance". A performance de toda a banda foi excepcional, não apenas tecnicamente, mas também com muito "feeling" e paixão, mostrando que a entrada de Fabio Lione claramente deu um novo gás ao Angra, algo que estava em falta nos últimos tempos.

Nesse momento, a banda deixa o palco, com exceção de Rafael e Kiko, que assumem seus violões para um breve set acústico. Após algumas histórias sobre o início da banda, entrada de Kiko Loureiro e primeiro ensaio, dão início à "Reaching Horizons", faixa-título da primeira demo do grupo, de 1992. À seguir, "Lullaby For Lucifer", grande surpresa da noite, que não estava prevista no setlist. Para finalizar a seção "desplugada" do show, outra surpresa: "Carry On", numa versão bastante diferente e inusitada, com toda a banda de volta ao palco. Muito interessante, mas eu preferia a versão original, que infelizmente ficou de fora dessa vez.


Retomando seus instrumentos elétricos, a banda executa "No Pain For The Dead" com total maestria, esta que precedeu outro hino do álbum de estréia: "Evil Warning", com sua levada rápida e animada. Logo após, outro momento inesquecível da noite veio com "Rebirth", cantada em uníssono pelo público presente, que encheu (mas não lotou) o Espaço Victory. Quando "In Excelsis" começou a soar nos PA's, já sabíamos o que viria a seguir. "Nova Era" encerrou o espetáculo de forma apoteótica, e a missão do Angra estava cumprida.

Em cerca de 2h20 de show, o grupo conseguiu revisitar praticamente toda a sua carreira (o único álbum que não teve nenhuma representante foi o mais recente, "Aqua", do ano de 2010), e realizar mais uma apresentação memorável. Já foi confirmado que o próximo trabalho de estúdio contará com Fabio Lione nos vocais, então, nos resta apenas aguardar, muito provavelmente virá coisa boa por aí!



Intro
Angels Cry
Nothing To Say
Waiting Silence
Time
Lisbon
Millennium Sun
Winds Of Destination
Gentle Change
The Voice Commanding You (Rafael Bittencourt nos vocais)
Late Redemption
Silence And Distance

- Set acústico -
Reaching Horizons (Rafael Bittencourt nos vocais)
Lullaby For Lucifer (Rafael Bittencourt nos vocais)
Carry On

No Pain For The Dead
Evil Warning
Rebirth
Intro - In Excelsis
Nova Era

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