Especial SHAMAN

Uma das reuniões mais sonhadas do Metal nacional se tornou realidade na última semana. O Shaman, banda que fez estrondoso sucesso no início dos anos 2000, volta com sua formação original - à princípio - para único show na cidade de São Paulo, a ser realizado em Setembro. Ao que tudo indica, o fator decisivo para que isso ocorresse foi a massiva mobilização de fãs pelas redes sociais, em especial através do grupo World Shaman, no Facebook. Em comemoração a esta notícia bombástica, hoje falarei um pouco sobre a ascensão e queda deste importante representante do Power Metal tupiniquim.

OBS: Esta matéria abrange apenas a fase da formação clássica.


O ano era 2000, início de um novo milênio. O Angra vinha de um bem sucedido giro mundial, divulgando seu álbum Fireworks (1998), porém, devido à divergências de opiniões que envolviam o empresário e questões de gerenciamento, a banda se separa. Os guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro seguem com diferentes integrantes, enquanto Andre Matos (vocal), Luís Mariutti (baixo) e Ricardo Confessori (bateria) unem forças e formam um novo grupo intitulado SHAMAN (nome inspirado na música The Shaman, composição de Andre para o disco Holy Land). Completando o line-up, o trio recruta Hugo Mariutti, irmão de Luís, para o posto de guitarrista; Fábio Ribeiro, sideman do Angra, assume os teclados nas atuações ao vivo, como músico convidado.

O Shaman já nasceu com status de "supergrupo", e ainda em 2000 iniciou sua primeira turnê, passando por, além do Brasil, diversos países da Europa e América Latina. Tudo isso chamou a atenção da "major" Universal Music, o que rendeu à banda um contrato com a poderosa gravadora. No início de 2002 é lançado Ritual, álbum de estreia, gravado na Alemanha junto ao renomado produtor Sascha Paeth, parceiro de Andre no interessante projeto Virgo.
O trabalho trouxe uma proposta diferente, aliando o "Metal melódico" a elementos de música erudita, e das chamadas World e Folk Music, fazendo com que o sub-gênero praticado pelo grupo fosse carinhosamente apelidado de "Mystic Metal". O sucesso foi tamanho que a canção Fairy Tale entrou na trilha sonora da novela Beijo do Vampiro, da Rede Globo, feito nunca antes alcançado por uma banda de Heavy Metal.

Em 2003, o grupo apresenta aquele que talvez seja seu mais aclamado trabalho: o CD/DVD RituAlive. Registro ambicioso para os padrões nacionais, uma verdadeira superprodução, especialmente se considerarmos a época. O show em questão foi realizado no Credicard Hall, em São Paulo, e contou com as participações de Andi Deris e Michael Weikath (Helloween), Tobias Sammett (Edguy e Avantasia), Marcus Viana e George Mouzayek.


O cenário muda no ano de 2005, quando os músicos resolvem modificar o nome da banda, com base na numerologia (sugestão do empresário à época), adicionando um "A" e passando assim a se chamar Shaaman. Poucos meses depois sai do forno o 2º full-lenght, Reason, desta vez por uma gravadora pequena, a Deckdisc. Pegando de surpresa aqueles que esperavam algo na linha do anterior, o álbum possui uma atmosfera diferente, de sonoridade mais crua e visceral, que ao mesmo tempo que remete ao Heavy Metal tradicional dos anos 80, incorpora também alguns ingredientes eletrônicos e modernos. Desnecessário dizer que tais mudanças dividiram e muito os fãs, porém a banda se manteve com bom prestígio, realizando um bom número de apresentações.

O ritmo frenético de trabalho, entre turnês e gravações, gerou grande desgasto e conflitos de nível pessoal entre os integrantes, culminando na ruptura do line-up original em 2006. Ricardo, como detentor da marca, resolveu dar continuidade ao trabalho ao lado de outros músicos, ao passo que Andre, Luís e Hugo iniciaram juntos uma nova banda, que leva o nome do cantor e permanece em atividade nos dias atuais.

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